quinta-feira, 2 de setembro de 2010

GOMAS PARA TODOS OS GOSTOS

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Juro por minha honra que o acontecimento das ratazanas já me enfastia, não se fala noutra coisa por aqui. Não há rua, estabelecimento, repartição pública, ministério, onde não venha à conversa as ratazanas.

O mais caricato é que tenho notícia de que há ratazanas a falar sobre as ossadas das ratazanas descobertas pelo my friend Ken daquela organização que anda por aí a esburacar que se farta. Cá para mim são muito mais ativos na procura das ossadas de ratazanas que o governo e organizações especializadas na procura dos milhares de timorenses assassinados pelos indonésios e nas luta raticidas que agitaram Timor no período conturbado e de excessos em 1975. Imaginem que dão mais valor a encontrar ratazanas do que pessoas. Caricato, contra censo. Mas eu até nem estou aqui para escrever mesmo, mesmo, a sério. Desculpem, mas por vezes pergunto onde é que anda a alma timorense…

No respeito pela tradição devia de agorinha mesmo fazer um intervalo. E rematar com um “mas isso agora não interessa nada”, qual o quê meus prestimosos. Interessa e de que maneira. Pois, mas está bem, mudo de assunto… até um dia. No entanto não se esqueçam que por muitos locais do solo de Timor Leste que pisam pode ser solo sagrado, que contenha nas suas entranhas os restos mortais de vítimas timorenses. Respeitinho e ação. Procurem o que devem. Ratazanas como as que descobriram podem ter grande importância cientifica mas nunca se vão equiparar os milhentos restos mortais dos mártires de Timor.

GOMAS PARVINHO CHEGOU

Essa é que é muito hilariante. Já repararam neste subtítulo logo, logo, aqui em cima? Já? Já mesmo? E associaram a quem e ao o quê? Pois. Eu já sabia que os meus prestimosos leitores e amigos são uns malandrecos. Com que então associaram ao secretário de estado de Portugal Gomes Cravinho. Ai, que eu me derreto todo. Nada disso, mas tem a sua graça. Vejam bem como estão as vossas mentes. Deixem-me cá gargalhar que já prossigo. Aproveitem, intervalem que eu também, e oiçam o Oiçam. Vá, por que esperam? Cliquem!

Este Eduardo Nascimento era um tratado. Depois perdeu a mania das cantaretas e dedicou-se aos aviões de Angola e à TAG. Mas isto agora não interessa para o que vem a seguir.

Muito se fala por cá e na divulgação em Gomas Parvinho. Mas é isso mesmo: gomas. Daquelas coisas gelatinosas, algumas com formas de frutas, de bicharocos… Até de ratazanas!

As Gomas Parvinho chegou ao mercado. É um novo produto sino-timorense com formas… Mas não é de frutos nem de animais… Quero dizer: é com formas de animais mas supostamente racionais, vulgo pessoas. Vulgo líderes carismáticos e mesmo que não sejam. Vão lançar Gomas Parvinho com a forma de Xakana, do Horta, de todos os outros históricos e não históricos. Não sei exactamente quem são os que vão ficar representados nas Gomas Parvinho mas aqueles dois são de certeza absoluta. Até já vi a maqueta. Lá está o Xakana com vários sabores. Há gomas para todos os gostos. Ele é sabor a abóbora, a engodos, a enganos, a incompetências, a desleixos, a sangue, a cadáver, a moribundos, a mentiras, a prestidigitação. “Ena, tantos sabores.” Comentei quando me informaram. Esclareceram-me logo. “Tem de ser, os consumidores não se contentam só com o sabor doce a pai da nação ou amargo de herói…” Porra que eu não estou aqui para ouvir tanta bacorada.” Respinguei. O fabricante das Gomas Parvinho, chinês, ficou espantado a olhar para mim. “Então e o Horta que sabores vai ter?” Perguntei.

O chinês embicou os olhos, sorriu e foi dizendo que “esse vai saber a 'deixa ver se me desenrasco desta, quero é o meu, trafulha nobelo, luvas a eito', e mais outros que estão em estudos laboratoriais.” Respondi que “tábem” e fugi dali porque o chinês das Gomas Parvinho queria só conversa e eu estava já a perder-me nos meus afazeres. Ah, ele ainda me perguntou se eu não queria um palácio com telhados vermelhos. “O caraças, mas você julga que eu sou como o Horta ou o quê? Esse é que nos anos 60-70 andava com a cartilha do Mao Tse Tung, Livro Vermelho, que vendiam nos armazéns do Mao em Hong Kong. Para mim, vermelho só quando vou às touradas, ao Estádio da Luz ou à praia, porque uso uma toalha enorme muito vermelha que é para me bronzear melhor.” E pirei-me do raio do chinês.

Hem? Onde é que eu ia? Malvado chinês que já me desviou do contexto… Ora deixa cá ver… Pois.

Agora por Gomes Cravinho. Lembrei-me de o ir receber ainda ontem, quando chegou. Se bem que eu seja esquimó, mas também tenho outras nacionalidades, entre elas o português. Ia recebê-lo e perguntar-lhe o que é que vinha cá fazer - que era para inscrever no relatório da Forbes Spy, a minha empresa de espionagem. Não foi preciso. Afinal ainda bem que o chinês me empatou. Assim evitei levar com aquele calor todo no aeroporto Nicolau Lobato. Estou para saber quando é que o ar condicionado do maldito aeroporto funciona em pleno e abrange toda a área…. Foi agradável vir para o meu gabinete e ficar no fresquinho. Mas isso é outra conversa. Não interessa.

E o que disse Cravinho? Ah, não sabem? Mas anda por aí nos jornais e na divulgação de conveniência a que chamam jornalismo. Claro que ele só disse coisas bonitas. Até parecia que estava a falar de outros países que não de Portugal e de Timor Leste. Reparem: “Cooperação portuguesa tem de se ajustar à rápida evolução timorense”. E isto vinha logo em título da Lusa e foi badalado, e muito badalado. Hem? A cooperação de Portugal tem de se ajustar à evolução de Timor? Era o que faltava. Mas adaptar-se em quê? Na subnutrição? Na corrupção? Em crimes e inconstitucionalidades? Nas porcarias que são a justiça de ambos os países e nos trafulhas dos Ministérios Públicos desacreditados de um e de outro país? O caraças!

Mas ele disse mais. Muito mais. Disse o que considerou convir e que gostariam de ouvir. Faz sempre isto. Fala, diz, mas é só bitates. Depois, tudo espremidinho, é nada. Até porque Portugal está na penúria. Mas o que pode Portugal desembolsar para Timor-Leste? Pois, compreendo. Vamos lá a desenvolver a subnutrição em Portugal e etc. O Cravinho quer importar a trampa que o governo de Timor tem mostrado saber por em prática? E chama a isso evolução? Mas lá em Portugal não vos chega o Sócrates, o Cavaco, agora o Passos Dias Aguiar... Não, Coelho. É bom, na caçarola, e também à caçador. Pitéu.

Mas agora ainda digo: Falou ele de linhas de crédito que estão emperradas. Oh Cravinho, pela alminha das Gomas do Xakana que todos vão mascar, Timor Leste tem mais no farelo que Portugal na farinha. Portugal está com a corda na garganta. Os portugueses estão a ficar miseráveis, são miseráveis - excepto os políticos e os tais dez por cento de mamões ou ratazanas. Mas mais de dois terços dos portugueses estão nas lonas e o resto para lá caminha. Que falta de consciência da merda que têm feito lá naquele país à beira mar afundado. Mesmo!

Quando for ao jantar de cumprimentos do prestimoso Cravão, digo, inho, tiro o ão que é para cão, hei-de fazer notar estas incoerências e fazes-de-conta daquele governante luso. Ah. E ele veio também acertar os pormenores da visita do Sócrates a Timor. Quero ver se nessa altura vou até Bali. Livra. Ver um Xakana já é tramado, ver dois já é mais que demais e se juntarem o Horta vomito. Que nauseas. Na volta ainda julgava que estava doente, com pesadelos, embriagado, ou assim.

Hoje em dia quase só vimos ratazanas. Ou será uma febre qualquer por causa da conversa impingida pelo Kurt das ratazanas? Fosca-se!
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